os perigos do jornalismo

31.5.08

PICT4029, originally uploaded by rapariga como eu.

francisco moita flores:
"estamos a viver um procedimento ambivalente: por um lado alguém que vive numa profunda solidão e que precisa de se repartir, e repartir sem limites, por outro lado um profundo narcisismo para a necessidade de uma afirmação através da sua vida privada..."
jornalista:
"quem bloga está a dizer vejam que bem que eu escrevo, vejam o que eu penso, mandem-me os vossos comentários..."
francisco moita flores:
"porque não têm a capacidade de fugir da solidão..."

pois é, para quem não viu este é um excerto do programa aqui e agora do dia 29, na SIC
vi este programa na televisão e confesso que fiquei algo desagradada com o resultado e por isso achei que devia deixar aqui a minha opinião, para poder reflectir e também para não deixar passar em branco esta situação uma vez que sou também uma blogger e sei que os blogs não são aquilo que ficou patente neste programa.
de facto a internet é uma ferramenta que tanto pode ser maravilhosa como extremamente perigosa e isso foi devidamente abordado neste debate. o que eu não gostei, foi da forma como enxovalharam as pessoas que escrevem blogs, não fosse o comentário inteligente do sr. josé gameiro vir logo a seguir salvar a situação, quase que a imagem de que os blogs são um bicho papão usado por pessoas que não saem de casa e não conhecem ninguém ficava patente como conclusão deste progama.
senão vejamos, e aqui podemos analisar os perigos do jornalismo em vez dos perigos da internet:
colocam uma reportagem da rosa pomar, que acaba com ela a falar do diário de anne frank e logo a seguir dizem qualquer coisa do género: mas estes diários eram fechados a sete chaves e a internet está aberta ao mundo!!!! depois seguem-se os comentários sobre a solidão e a necessidade de chamar a atenção de quem escreve. ora, então alguém que nunca leu o blog da rosa pomar, fica a pensar: coitadinha da rapariga que escreve aquele blog, é uma "neird" solitária!
não é também isto uma forma de calúnia???? ou será que por ser o miguel sousa tavares é mais relevante do que um qualquer blogger que por aí anda???? esqueceram-se de referir que muitas destas estas pessoas não são anónimas, têm um nome e assinam o que escrevem, com muito orgulho e satisfação e em muitos casos com uma qualidade superior a muitas das publicações profissionais do panorama nacional .
claro que é chato (para os jornalistas) percebermos que cada vez mais a internet e a opinião livre substituem, em termos de interesse, debates deste género, e os chamados "opinion makers" contratados pelos canais televisivos como sendo uma espécie de "donos da verdade".
no resto do debate falou-se de muita coisa verdadeira e que acho importante as pessoas estarem conscientes, tal como quem vai para estrada com um carro tem de saber conduzir, quem anda na internet deve saber navegar para não se "afundar".
o que eu não gostei foi da forma como intitularam os bloggers e como identificaram este tipo de escrita como uma ameaça à sociedade. não concordo, de todo, e acho que quem vai para a televisão, também, tal como quem escreve na internet, deve ter cuidado na forma como descreve os cenários, ou corre o risco de ser tão ou mais injusto do que aquelas pessoas que difamam outras on-line.
hoje em dia a internet faz parte das nossas vidas e não vai desaparecer, se há uns anos era a televisão que comandava, hoje a internet já ganhou essa corrida há muito tempo!
eu penso, o que será mais perigoso, uma caixa que mostra apenas o que quer ou um ecrã que mostra tudo o que se quiser ver?????
dá que pensar....

no sorriso louco das mães

28.5.08

as mães, originally uploaded by rapariga como eu.

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e orgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo.
São silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos. Porque
os filhos são como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudez de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado
por dentro do amor.

Herberto Helder

a cadeira para a lígia...

22.5.08

vai ser uma destas...
www.stokke.com

Lígia de Tom Jobim

Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei, desliguei foi engano
O seu nome não sei
Esqueci no piano as bobagens de amor
Que eu iria dizer, não ... Lígia Lígia
Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendí com você
É ... Lígia Lígia
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos eu vou me render
Mas seus braços morenos
Me metem mais medo que um raio de sol
Lígia Lígia

ser mãe

17.5.08

ser mae blog, originally uploaded by rapariga como eu.

há muito que estava a querer fazer um post sobre isto...de ser mãe...
mas como é notório, as minhas passagens por aqui têm sido bastante escassas, devido à falta de tempo, mas principalmente ao branco de ideias que me vai na cabeça:)
ser mãe é de de facto um trabalho a tempo inteiro e o espaço para as outras coisas fica consideravelmente reduzido. não queria começar a fazer posts sobre o cócó e o xixi, a beleza da minha filha, as noitadas, o choro, os sorrisos, as roupinhas, as alegrias e por aí fora, não que não queira falar sobre isso, mas não quero falar "só" sobre isso. mas a verdade é que ultimamente tudo o que me corre no cérebro é relacionado com a minha filha e a interacção com ela. eu vejo o telejornal, estou a par do mundo, continuo a ter acesso à internet, mas de facto o meu mundo mudou...pode parecer com este discurso que ficou mais pequeno, mas não é verdade, o meu mundo ficou foi cheio...cheio de coisas boas, que me enchem o cérebro de tal forma que tenho menos necessidade de procurar por outras...! será este o fenómeno do tão falado "instinto maternal"?
sei que esta é apenas uma fase - esperemos, senão não sei como é que vou voltar a trabalhar - e que daqui por algum tempo já estou novamente à procura de novos projectos, de volta ao teatro e à criação, mas para já confesso, não tenho "fome" de nada:) estou saciada!

livros técnicos

adoro livros técnicos...
aquele tipo de livros que ensina a fazer tudo e mais alguma coisa, em apenas alguns passos e com esquemas...descodificam aquilo que parece incrivelmente difícil e ficamos com a sensação de que com estes livros sabemos fazer um pouco de tudo (apesar de nunca o termos experimentado, mas está lá para quando for preciso:)
eu tenho uma considerável colecção de livros técnicos sobre tricot, crochet, costura, artesanato, artes plásticas, desenho de moda e por aí fora. mas a minha selecção vai sem a mínima hesitação para os livros que eram da minha avó ou da minha mãe. livros integralmente em português, com esquemas e explicações muito simples e que de facto nos conseguem pôr a fazer algo que nunca experimentamos à primeira tentativa, sem erro e igual ao que a imagem promete! actualmente não vejo à venda este tipo de livros, apenas encontro coisas em inglês, que para além de não serem tão fáceis de perceber, os projectos propostos não chegam aos calcanhares destes nacionais, e não têm esquemas tão bons.
como o saber-fazer associado às artes "caseiras" está cada vez mais escasso, acho que tenho um verdadeiro tesouro em casa...quem sabe daqui a alguns anos não chegue a dar dinheiro...:):):)

no blog da minha tia

6.5.08

no blog da minha tia, originally uploaded by rapariga como eu.

"tia...tiras-me umas fotografias?"
"sim..."
"eu gostava de aparecer no teu blog"
"não pode ser"
"porquê?"
"porque a tua mãe não quer"
"oh, porquê?"
"por causa da exposição"
"mas tu apareces"
"não completamente"
"podias por uma fotografia minha no teu blog...ninguém me conhece!"

...OK...cá está...uma fotografia tua no meu blog! eu sei que és tu, tu sabes que és tu, mas mais ninguém desconfia....:):)