a pdi

12.7.15

Até aos trinta e poucos anos a idade nunca me incomodou. Na verdade não via assim tantas mudanças ao ponto de perder muito tempo a pensar nisso. Achava até algo estranho as mulheres que estavam sempre a falar nisso, 'a idade isto, a idade aquilo, nada é como era, blá, blá, blá'.
De há uns três anos para cá (vou nos 37 para quem não sabe) comecei a perceber algumas coisas.
Os olhos, as rugas de expressão, as manchas na pele, agora alguns cabelos brancos a aparecer de lado, e também uma sensação de que quando tenho alguma dor, algo se passa. Dantes se tinha alguma dor, 'ia passar' agora 'algo se deve estar a passar'.
Sei que as coisas estão diferentes quando vou às compras, olho para uma coisa e independentemente dela me servir ou não, penso que é roupa de miúdas e não quero. Já não quero.
Quero algo meu, que tenha o meu carácter, mas que me assuma como mulher, não tem nada a ver com ser clássica, que não sou nem nunca vou ser, tem a ver com uma forma de estar.

Olho em volta e vejo muito cabelo pintado, muitas pestanas artificiais, partes de corpo falsas, maquilhagens excessivas, unhas falsas, cuecas push up...e penso o quão difícil deve ser ter de manter as aparências todos os dias. E penso que quero poder envelhecer sem ter de me matar para parecer mais nova. Me estafar num ginásio que odeio, passar horas no cabeleireiro, manter as pestanas e as mamas, os rabos e mais o que se lembrarem a seguir.

Não quero nada disso para mim, mas sei e sinto a dificuldade que aceitar as mudanças do tempo implica. Olhar para nós e gostar de ver a mudança que acontece agora todos os anos não é fácil.
É altura de mudar, de assumir e amar aquilo que somos em todas as fases da vida.
Se calhar se todas o fizéssemos naturalmente seria tudo tão mais fácil.
Mas esta é uma postura individual, que começa em cada uma de nós, e não, não tem nada a ver com desleixo ou não gostar de coisas bonitas. Eu gosto e quem segue este blog ou me conhece sabe bem disso.
É gostar de ser e não de parecer.


3 comentários:

  1. Agora, imagina o que sente quem já está nos 50! dizes muito bem que se deve envelhecer naturalmente, acho que faço parte desse grupo. Mas cuido-me claro: pinto o cabelo, tenho a sorte de ser desportista, uso uns cremes para isto e outros para aquilo. Mas costumo dizer que tudo o que está em mim...é de origem. De fábrica. Talvez não seja vaidosa o suficiente para colocar coisas artificiais. O que mais me perturba na idade, são essas tais dores, que chegam e geralmente têm sempre uma razão de ser. É a tensão, o colesterol, as lesões nos joelhos e nos pés que já não passam. É ir ao médico para ver uma coisa, e descobrir outra. Concluindo: é ver que a saúde que tinha nos 30, já não é mais a mesma. Isso é que me deixa triste. Beijinhos, boa semana!

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  2. Eu também vou nos 30's. Curiosamente, gosto mais de mim agora do que gostei durante os 20's. Nem sei dizer se é sabedoria e aceitação ou se realmente estarei em melhor forma. Já tenho alguns cabelos brancos. Pinto o cabelo da minha cor natural, mas não todos os meses. Vou começando a achar natural e normal ter alguns cabelos brancos.

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  3. É a ditadura do Forever Young, principalmente para nós mulheres. Eu, actualmente (43 anos) ando num confronto entre pintar e não pintar o cabelo. Fui a última das minhas amigas a pintar e estou sempre a dizer que já não pinto mais, mas depois começam a aparecer os brancos, que já são muitos, muitos, e não me habituo. A culpa é de todas nós. Já os homens são charmosos com cabelos brancos! De resto não cedo a ditaduras de beleza, nem gosto de coisas falsas. É viver o melhor que se pode !

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